O fim se aproxima. Tudo nos faz lembrar isso. E não adianta tentar ignorar. Para toda a turma, a despedida da escola.
Não considero, aqui, todos os caminhos, as opções, todas as possibilidades para o futuro. Não quero pensar no futuro prático. Quero falar do que será passado no futuro.
Quero falar que sei que vou lembrar.
Quero falar da primeira vez que entrei neste colégio, e a sensação que tive, da primeira pessoa com quem falei, do friozinho na barriga diante do desconhecido, que acabou se tornando íntimo. Sei que vou lembrar os velhos hábitos que se alteraram, modificaram, até deixarem de serem hábitos.
Eu sei que vou me lembrar das pessoas que por mim passaram, de cada funcionário que devolverá a sensação de passado, de colégio.
Ah, eu vou me lembrar, como me lembro da professora do jardim (hoje nem se chama mais 'jardim'), eu sei que vou me lembrar de cada professor, de suas aulas, de suas histórias, de seus pontos de vista, de suas maneiras de se aborrecer, de seus meios particulares de convencer a aprender. Vou lembrar os conselhos, as manias, as expressões, o modo de falar, o jeito de mãe (ou pai), de irmão mais velho, ou amigo mais sério.
Quero falar que vou me lembrar da rotina, das ocasiões especiais, da expectativa pelas férias, da saudade durante ela, do desejo - escondido - pelo retorno.
Vou lembrar os dias mais comuns que se tornavam especiais. Eu sei que vou me lembrar daqueles que fazem parte do cotidiano, daqueles que eu até sei, mas esquecerei o nome, daqueles a quem não dou importância, e até daqueles que eu acredito que esquecerei. Vou lembrar as promessas feitas sem pretensão de serem cumpridas, e aquelas que deveriam tornar-se planos.
Vou me lembrar muito deste ano, da sensação de última vez, da ansiedade pré-tudo, das visitas freqüentes a coordenação, das dúvidas infundadas, dos receios, dos pavores, das expectativas frustradas, da ingenuidade considerada tão madura e da ignorância que se achava sábia.
Vou me lembrar o que aprendi quando menos esperei, vou me lembrar do apoio, do incentivo, e da cobrança que tive. Vou me lembrar das oportunidades desperdiçadas, e das aproveitadas também, vou lembrar o quanto eu mudei e a influência que tive.
Quero falar que vou lembrar quando refizer o caminho que era diário, quando vir um aluno com o uniforme por mim utilizado durante tanto tempo, quando revir fotos, cada vez que escrever 'objetivo', cada vez que quiser voltar no tempo, mesmo que seja pra viver tudo igual outra vez.
Vou lembrar, vou lembrar por muito tempo até começar a esquecer, até só restar a impressão que me causaram.
E esquecer vai me incomodar. E lembrar vai doer.
É, mais um ano acaba. É a chance de cada um que se considera responsável por tudo isso de acordar sabendo que fará o que vale a pena.
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
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